domingo, 17 de janeiro de 2010

MANEJO PARA TORNEIOS DE CANTO - PARTE 1

Foto: Olívio Nishiura à esquerda, em 2006, entrega na SERCA o cheque a este editor por termos sido com o Curió Maruc os Campeões do Torneio dos Campeões, no Praia Grande Clássico Sem Repetição pela Febraps, depois de uma disputa inédita que teve até desempate com o Curió Mangueira, com nova disputa na estaca, à época, por mais 10' de apresentação de cada.



A preparação de um possível e futuro campeão de canto individual é algo complexo, sempre se levando em consideração o manejo mais adequado, pois sabido que este há várias fases, com suas circunstâncias previstas e imprevistas, por isso mesmo, longe de ter a pretensão de esgotar o assunto neste limitado espaço, pretendemos dividir a rica matéria, colocando inicialmente um, dentre outros, dos aspectos que julgamos importante para a apresentação de seu passeriforme, tendo em vista a proximidade do início dos torneios da temporada 2008/2009, sendo que em outra edição oportuna daremos continuidade ao assunto, mas sempre sem a pretensão de esgotar o tema.

Em se tratando da preparação de um pretenso futuro campeão, sabemos que existem diversos fatores influenciadores, mas em termos de manejo, podemos afirmar que ele começa no berço do criadouro, em seguida, com o adquirente do passeriforme que dando continuidade ao trabalho iniciado pelo criador, maneja o filhote para o encarte e manutenção do canto desejado.

Encartado, passa-se a uma análise inicial por meio de manejos específicos do seu potencial ou não para torneios, visto que há aqueles que cantam maravilhosamente bem em casa, no carro, encapado, no chão etc, mas nos 5’ da estaca do torneio é uma decepção, quando não fica calado olhando para tudo e para todos, para desespero do expositor que muitas vezes, na esperança do seu pássaro se apresentar na estaca, chega a percorrer mais de 1000 km de ida e volta para casa.

Aprovado como um passeriforme de futuro promissor em competições se inicia um outro e grande trabalho para tentar transformá-lo em um campeão, sendo que, nesse ponto, além do manejo para condicioná-lo em cantar nos 5’ (cinco minutos) da estaca do torneio, temos, dentre outros, aquele que diz respeito às viagens exaustivas e estressantes por nossas estradas para participar dos torneios que muitas vezes ocorrem em mais de um Estado da Federação, ou seja, ao próprio transporte que é fundamental para o sucesso do evento pretendido, preservando-se a saúde do passeriforme que deve ser tratado como um verdadeiro atleta.

Dessa forma, por notarmos que são muitos os manejos a serem realizados, assunto por demais vasto que reclama espaço de um pequeno livro para a sua ampla abordagem, nesta edição resolvemos tratar apenas do importante manejo específico do transporte do passeriforme para torneios.

Importante ressaltar para os amigos que não me conhecem, embora tenha pouco tempo de participação em torneios, em especial, no brasileiro que iniciei em 2004, já tivemos a imensurável alegria de ter conquistado os seguintes títulos: Vice-Campeão Brasileiro no Curió Praia Grande Clássico Sem Repetição em 2005 pela Febraps; Campeão dos Campeões em 2005 pela Cobrap; Campeão Brasileiro antecipado, todos na mesma categoria, em 2006, assim como de forma inédita na mesma temporada pela Febraps, Campeão dos Campeões em igual categoria, todos com o Curió MARUC, e na última temporada da Febraps, Campeão Brasileiro, também antecipado, no Praia Grande Pardo Com Repetição com o Curió MURALHA. Registramos que até a última temporada, ao todo, participamos de 71 torneios brasileiros, estaduais e regionais em Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás e em Brasília, rodando na última temporada cerca de 25.000 km de estradas.

Por isso mesmo, julgo importante tratar do transporte de passeriformes para torneios de canto, visto que temos que minimizar o estresse gerado que baixa a imunidade do pássaro, colocando-o mais propício a adquirir doenças, assim como o afeta de tal forma a alterar o seu rendimento na estaca do torneio, chegando muitas vezes a estar desidratado se não tomarmos os cuidados devidos.

De plano, salientamos inicialmente que devemos evitar ao máximo o transporte noturno, salvo se ocorrer antes do amanhecer em pequenas distâncias que classificamos de no máximo 200 km até o local do torneio, possibilitando a ida e volta para o mesmo dia do torneio, e o proprietário não vá viajar no final de semana seguinte para novo torneio, permitindo uma recuperação adequada do passeriforme ao, no mínimo, intercalar os finais de semana.

O ideal é que se pegue a estrada com antecedência, chegando um a dois dias antes do evento, dependendo da distância, iniciando a viagem ao clarear do dia porque não irá transitar, provavelmente, nos horários de maior calor do dia, considerando que os torneios, em regra, ocorrem de setembro a dezembro.

Registramos que, para nós, as gaiolas devem ser encapadas. Embora há aqueles que gostam de capas escuras, penso que as claras são as melhores pela claridade que permite melhor ambientação e, conforme o local do transporte e a posição do veículo na estrada, até mesmo a entrada eventual e parcial de raios solares que são filtrados, hoje em dia, por vidros com insufilme que são os mais recomendados para o transporte de passeriformes.

No que tange ao transporte propriamente dito do passeriforme dentro do veículo automotor, alguns poucos passarinheiros gostam de transportar no porta-malas do carro, o que abomino por completo porque a escuridão irá dominar o ambiente, que com o balançar do carro irá fazer com que o passeriforme se debata na gaiola chegando ao destino totalmente estressado e em péssimas condições de saúde.

Nesse campo temos que pensar em qual local do veículo há menos balanço e/ou trepidação. Temos que encontrar o local ideal que vá fazer com que o passeriforme faça menos esforço com os pés para se segurar no poleiro, ganhando confiança, comodidade e segurança de tal forma que durante a própria viagem, com capa clara, coma regularmente e beba água, mesmo com o veículo em movimento.

Habitualmente os passarinheiros costumam levar os seus passeriformes no banco traseiro do veículo, com a gaiola devidamente encapada e encaixada dentro de um recipiente retangular de madeira semelhante a uma base de caixa com parede lateral de apenas 2 a 3 cm de altura em toda a sua volta, com uma parte mais alta na base, permitindo que a gaiola fique reta no referido assento traseiro.

Essa é uma alternativa viável e boa, mas a experiência hodierna me fez encontrar outra opção, visto que em 2004 quando viajava com o meu filho para o Torneio de Araçatuba/SP da Cobrap, colidi com o meu veículo há mais de 100 km/h, pegando uma S 10 pelo meio que atravessava indevidamente a estrada de um lado para outro, sendo que apesar da perda total do veículo, quando me encontrava hospitalizado no interior de São Paulo com o meu filho, ambos, em perfeito estado em face da gravidade do acidente, tinha um curió meu que estava em um cômodo do hospital cantando, este que estava onde até hoje viajo com os meus curiós, ou seja, no chão atrás do banco do carona, em cima de uma grossa espuma retangular de 3 a 4 cm, sendo que a gaiola piracicaba do mesmo somente empenou, enquanto que o outro curió que levava na mala do veículo morreu com o pescoço quebrado.

Assim, cheguei há conclusão que esse é o melhor local para o transporte de passeriformes que vão para torneios, local em que há menos vibração e balanço do veículo, ficando a gaiola prensada e segura pelo encosto do banco do carona e a base do banco de trás do veículo, em cima de uma grossa espuma, fazendo com que o passeriforme durante a viagem coma normalmente e chegue ao seu destino menos estafado, estressado e, em conseqüência, em melhores condições de saúde para sua apresentação no dia seguinte.

Outra vantagem deste local, é que se pode viajar com o ar condicionado ligado, isso mesmo com ele ligado, tornando nos dias quentes de primavera e verão uma temperatura mais agradável no interior do veículo para todos os ocupantes durante a viagem, inclusive para o passeriforme que não corre o risco de ficar rouco, desde que o ar condicionado seja ligado somente para cima (saída pelo painel), em temperatura amena, e o vidro traseiro do veículo esteja aberto no espaçamento de um dedo indicador, de forma que o vento estará sempre refrescando o motorista e demais ocupantes, mas entrará no automóvel e sairá por cima, no caso, pelas janelas traseiras.

Rouco provavelmente ficará o passeriforme se ele estiver em cima do banco traseiro, entre os assentos dianteiros, e o ar condicionado ligado em temperatura baixa, saindo na altura do painel, ou seja, em sua direção, mesmo que as janelas traseiras estejam abertas como acima indicado.

Realmente, o eventual companheiro que viajar de carona irá meio apertado porque o banco dianteiro estará mais em pé e para frente, permitindo a correta e mais indicada acomodação da gaiola do passeriforme, mas desculpem-me, em se tratando de viagens para torneio, há prioridade está no expositor e seu passeriforme.

Em edição oportuna, daremos continuidade ao tema, sempre sem intenção de enxugá-lo em face da sua complexidade e, repito, limitado espaço de uma revista. Um forte abraço a todos e, até breve !
Fonte: PÊCEGO. Antonio. Revista Passarinheiros & Cia, nº 51, p. 40-41

8 comentários:

  1. Pêcego, gostaria do seu e-mail particular, pois estou começando a criar curió e tenho algumas dúvidas. No meu estado o canto é viu-té-teu.

    Att, João Luiz

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  2. Olá João Luiz, obrigado por sua visita ao nosso blog. O meu conhecimento é limitado, tenha a certeza, mas no que estiver ao alcance pode contar conosco. antoniopecego@hotmail.com

    Att,

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  3. Antonio Pêcego bom dia,gostaria de saber aparti do nascimento do filhote,quando é hora de colocalo na caixa acústica,por quantas horas por dia e turante quanto tempo para que o mesmo já esteje com quanto,e ate quanto tempo posso deixar varios filhotes em um quato uns do lado do outro,gaiolas lado a lado,isso é correto fazer para fribra se não der canto meu e-mail é rocha_cleber@yahoo.com.br,tenha uma otima semana aquardo sua resposta fique com deus e toda sua familia Cleber Rocha Rio de Janeiro

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  4. Cleber, boa noite !
    Primeiramente, obrigado por nos visitar. Colocar na cabine acústica, só se necessário. Se for o caso, pode ser utilizado o sistema Withdrawn em que com três dias a criadeira com o filhote vão para cabine para que ela, livre de estresse, e ele de sons indesejáveis, possa ser confortavelmente criado e vetorizado. Do contrário, logo em seguida ao desmame e adaptação. O tempo necessário ? Não há regra, a evolução do pardo irá te dizer, mas sempre é bom ficar encapado após o desmame na cabine, porque não sabendo onde se encontra, ele faz da capa o seu prego. Filhotes podem fica juntos em um mesmo ambiente até o momento em que começam a marcar notas, quando então devem ser separados, sob pena de um que estiver marcando errado contaminar o resto do grupo, além do que, é mais fácil churriar do que marcar nota, logo, pode haver retardo na evolução do encartamento. Abraços,

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  5. Braz, mande contatos e preço dos filhotes, Obrigado. Vitor ( vitorgomesbastos@hotmail.com )

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  6. Vitor, melhor entrar em contato com ele pelos meios colocados à disposição na postagem em que o Criadouro dele foi entrevistado. Dê uma pesquisada no arquivo do blog que irá encontrar.

    Abraços,

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  7. Bom dia, Antonio.
    Meu nome é Antonio Carlos Bonato. Moro em Paracatu e tive a felicidade de pegar um pardinho com tres meses com um canto praia classico(raridade não é?) Pois agora, ele está com 8 meses e com o canto perfeito, mas como nunca tive curió de canto, não sei como é o manejo diario e a preparação para torneios, de um passaro assim. Será que você pode me dar algumas dicas? Se você preferir, posso te ligar (pode ser mais fácil, não é?)
    De qualquer forma, fico muitíssimo agradecido por nos ajudar e quem sabe nos encontraremos em algum torneio para que eu possa ter o prazer em conhece-lo e agradecer pessoalmente.
    Um abraço,
    Bonato

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  8. OLá,chamo-me Felipe e acredito que seu blog era o que eu estava procurando,isto é, detalhes importantes sobre a criação de curió.Ainda estou estudando a área de como criar curió.Voltarei sempre que puder a ler o blog, obrigado pela contribuição.Atenciosamente Felipe.

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