quinta-feira, 30 de julho de 2009

OS FUNGOS E O TEMPO DE VIDA DOS PÁSSAROS



OS FUNGOS E O TEMPO DE VIDA DOS PÁSSAROS



Os anos de experiência na criação de pássaros em domesticidade vêm nos revelando uma característica bastante interessante, que é um período de vida das aves bastante prolongado, muito superior ao descrito por ornitólogos para indivíduos em estado selvagem. Lembrando que não é somente o tempo de vida que é prolongado, mas também o período reprodutivo, com exemplares reproduzindo por cerca de trinta anos.



O presente material não tem por interesse debater os motivos que levaram a esse substancial aumento no tempo de vida dos pássaros - motivos estes ligados ao manejo, sanidade, nutrição e bem-estar – mas tem por objetivo estudar o porquê da perda de alguns indivíduos precocemente.



Apesar dos modernos criadouros possuírem tecnologia e conhecimento voltados à proporcionar as melhores condições para o desenvolvimento e à reprodução, um sistema de produção intensificado precisa estar constantemente atento à alguns inimigos “invisíveis”, mas que são uma ameaça substancial e constante, como as micotoxinas, que são as toxinas produzidas pelos fungos.



Vejamos abaixo, trechos sobre o assunto publicado por uma empresa que atua na área de nutrição animal:



As micotoxinas são conjuntos de substâncias tóxicas ao homem e aos animais domésticos. São quimicamente complexas, sintetizadas como metabólitos secundários por certos fungos. Sua função biológica é atuar como fator de competição com bactérias pelo substrato, ou, que seja produzida como um erro ou desvio do metabolismo fúngico durante estresse ambiental, ou ainda como simples acaso da programação genética de fungos.



Segundo a FAO, 25% dos alimentos do mundo estão contaminados por micotoxinas e, o Banco Mundial, 40% do tempo de vida de indivíduos de países em desenvolvimento é perdido função de doenças moduladas por toxinas fúngicas.



Os principais fungos produtores de micotoxinas pertencem aos gêneros Aspergillus (produtoresde aflatoxinas), Penicillium (produtores de ocratoxinas) e Fusarium (produtores de deoxinivalenol (DON), toxina T-2, zearalenona, ergotoxinas e fumonisinas), os quais podem atacar os diversos tipos de grãos utilizados na fabricação de ração animal em qualquer fase da produção, processo, transporte e estocagem, podendo ocorrer, no entanto, em outros produtos e co-produtos de origem animal ou vegetal para mesma finalidade.



Fatores ambientais como umidade, temperatura, pH e principalmente o substrato nutritivo disponível favorecem a produção de micotoxinas, principalmente as aflatoxinas (B1, B2, G1, G2 e M1), responsáveis por consideráveis perdas econômicas decorrentes, de doenças e da redução da
eficiência alimentar nos animais. Os efeitos tóxicos produzidos pela ingestão de alimentos contaminados pela maioria das espécies animais representam um grande risco para saúde do homem pela contaminação da carne, do leite e dos ovos. As aflatoxinas, em geral, foram classificadas na classe 1 dos carcinógenos humanos.



(...) Fatores que favorecem a produção de aflatoxinas



O crescimento fúngico e formação de micotoxinas são dependentes de uma série de fatores, como a umidade, a temperatura, a presença de oxigênio, o tempo para o crescimento fúngico, a constituição do substrato, as lesões nos grãos causados por insetos ou os danos mecânico/térmico, a quantidade de inóculo fúngico, bem como a interação/competição entre as linhagens fúngicas.



Esta gama de fatores demonstra que o controle desses fatores, no sentido de prevenção, muitas vezes se torna muito difícil em nossas condições tropicais.



Por exemplo, as condições brasileiras, no período de colheita dos cereais, em função do regime pluviométrico, não favorecem a secagem dos grãos, especialmente do milho.



Os sistemas de secagem e armazenagem instalados também contribuem para a evolução do problema em nossas condições. As temperaturas da massa de grãos no interior dos silos, em muitas situações, ultrapassam os 18°C recomendados, permitindo um crescimento fúngico intenso, especialmente pela deficiente aeração forçada da maioria das unidades armazenadoras que, mesmo existindo, pelo excesso e má distribuição das impurezas, não são efetivas no controle dos pontos de calor dentro do silo. Esta e muitas outras razões proporcionam alta prevalência de aflatoxinas como contaminantes rotineiros dos cereais no Brasil e em países de clima semelhante.” Fonte: http://www.tortuga.com.br/kelatone.pdf



Os danos causados pelas micotoxinas às aves são enormes, dentre eles podemos citar: Queda da fertilidade; Baixa eficiência alimentar e conseqüente perda de peso; Lesões em órgãos com aumento de tamanho e mudança na coloração (principalmente o fígado); Alta mortalidade; Mau empenamento das aves; Queda da imunidade e menor resistência às doenças.



O texto transcrito acima se refere principalmente aos cereais como soja e milho. Se a situação é bastante crítica em alimentos comuns e muito utilizados na alimentação humana e animal, onde as indústrias têm como procedimento-padrão armazenar adequadamente e monitorar cuidadosamente todo ingrediente que entra na linha de processamento, imaginemos agora o contexto dos alimentos que utilizamos para os pássaros. Não há dúvida de que os fornecedores de rações e farinhadas comerciais têm essa preocupação, mas e os alimentos domésticos? E os alimentos fornecidos úmidos? E aquelas sementes adquiridas em lojas sem os devidos cuidados com o armazenamento? E a validade dessas sementes? E os poleiros? E o estado geral da gaiola?
Desta maneira, acredito que o momento seja de reflexão. Talvez seja hora de revermos alguns conceitos, corrigir certos costumes. É evidente que os fungos se proliferam em condições onde há substrato, umidade, temperatura. E de maneira muito veloz, todos nós já vimos a velocidade com que uma farinhada úmida “azeda”. Se os pássaros têm a capacidade de viver até por algumas décadas, em perfeito estado de saúde e fertilidade, não podemos nos conformar com qualquer outra circunstância.



Autor: Rob de Wit - Zootecnista
Diretor de Criação de Azulão – COBRAP
rdw_usp@yahoo.com.br
09/07/2009

12 comentários:

  1. Boa noite, Pêcego.

    Qual a profilaxia usada na alimentação de seus pássaros em relação aos fungos? Como exímio detalhista fato que me agrada, existe algum detalhe extra-bibliográfico que possa compartilhar. Abraços.

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  2. Boa noite, Fábio.

    Obrigado por suas palavras.

    Bom, faço questão de adquirir sementes de origem conhecida que são tratadas com antifungico em quantidade que não permita estocar por muito tempo, no máximo por trinta dias. Utilizo antigas garrafas plásticas esverdeadas de guaraná de dois litros, com vários furos que fiz na tampa. Assim, deixo a garrafa com a mistura de sementes deitada e permito que as sementes respirem, já que o ar no seu interior não fica viciado, bem como deixo-a em local arejado e longe da exposição solar. Espero ter ajudado de alguma forma, uma vez que o seu questionamento pode ser o de muitos. Forte abraço,

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  3. Como posso combater para sanar as pontas das penas da cauda do curió, cuja aparência é
    parece desfiada nas pontas.
    R. Ramon lima
    ramon.lima@onda.com.br
    Curitiba - Paraná

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  4. Olá Ramon, pode ser problema de parasitas, mas também pode ser outros dois problemas. Um mais fácil de resolver, outro mais complicado. O primeiro se resolve com um dorminhoco ou maritaca que seja afastada da grade ,de forma que assegura nas viradas do curió que a sua cauda não vaze pela grade da gaiola. O segundo decorre de comportamento do curió, da forma dele se agarrar na grade, sempre com a cauda baixa, fazendo com que ela seja vazada pela grade da gaiola que a danifica. Observe esses dois primeiros pontos. Se não for nenhum deles, pode ser então que seja a manifestação de parasitas. Abraços,

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  5. Buenas Noches...
    Amigo, tengo una Fèmea de curiò que desde hace algunos días, come alpiste con desesperación y no lo consume bien, sus heces son de apariencia normal y sin diarrea, la revisé y noté en su paladar una inlamación color claro,que tratamiento puedo darle? Nistatina? algun antibiótico?
    Agradezco su respuesta-
    Rocco Clemente -VENEZUELA-

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  6. Ola, buenas noches !

    Amigo, no hablo mui bem lo castelheano ... ok ?

    Recomendo realizar exame de fezes parasitológico para ontem. Afastada a possibilidade de ser coccidiose, volte,se quiser, a falar conosco, recomendando, se possível, que procure um médico veterinário especializado. De qualquer forma, sugiro que isole a fêmea de curió do resto do plantel, deixando-a em local arejado. Falo isso para não medicar por achar isso ou aquilo e atacar o fígado...ok ?

    Abraços,

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  7. Antonio...
    Muchas Gracias por su pronta respuesta...
    He revisado a la passarinha hoy, y tiene una "inflamación en el paladar" de color claro (dentro del pico)..pienso que ese es el problema, porque no ha tenido diarreas... yo le estoy suministrando suero y alimentación blanda, pero pero está empezando a adelgazar...
    Agradezco su opinión
    Un Abrazo
    Rocco

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  8. Rocco,

    Por cautela, não há problemas em vc ministrar o Ivomec "exclusivo para carneiro" que tem a concentração em menor escala da Ivermectina, no caso, de 0,08% em detrimento do 1,0% daqueles destinados a equinos, suínos e bovinos. É difícil de achar, tendo o rótulo verde, mas é muito bom e pode te ajudar nesse caso. Ministra uma gota no bebedouro de 50 ml medidos durante sete dias. Após, durante cinco dias, forneça antitóxico, do tipo, Mercepton Oral ou Avícula com cinco gotas em 50 ml, no que ajuda a desopilar o fígado. Depois, se resolver aplicar, me dê algum retorno, sendo que uso quando necessários em curiós pardos e pretos e nunca tive nenhum problema, mas tem que ser nessa medida acima. Un Abrazo,

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  9. tenho um curio que fica /c o rabo todo quebrado oque sera ,tambem minhas femeas estão com a cabeça toda pelada sera que e fungos,um abraço

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  10. Olá Anônimo, o rabo todo quebrado pode ser: 1) maritaca ou dorminhoco muito próximo da tela de arame; 2) forma de voar na tela, fazendo com que as penas do rabo vazem por ela, danificando o mesmo e 3) ácaro de pena.

    Fêmeas com a cabeça toda pelada, se não estão na muda, realmente isso foge à normalidade, podendo ser ácaros de pena, ou quem sabe fungos, no que recomendo procurar um médico veterinário especializado, como o Dr. Jorge Belut que prestamos homenagem a ele em um post recente, ou então, na falta, colher fezes e mandar fazer uma cultura, entrando em contato com esses laboratórios conhecidos e credenciados para esses testes, como esses que fazem exame de DNA. Abraços,

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  11. Boa tarde meu amigo,

    O mercepton oral, pode ser usado na msm proporção do avícola? 5 gotas para 50 mls?
    desde já agradeço, sua ajuda.

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