domingo, 31 de outubro de 2010

DOENÇAS NUTRICIONAIS - PARTE II

CONTINUAÇÃO ...


3- IMUNONUTRIÇÃO


Nas últimas duas décadas houve um grande crescimento das informações científicas a respeito da importância da nutrição sobre a competência imunológica dos animais. A síndrome de imunodeficiência adquirida nutricional é hoje bem conhecida e estabelecida. Este conhecimento, no entanto, ainda não faz parte da rotina médica veterinária. A interação entre nutrição, imunocompetência e doenças está resumida na Figura 1* Consta da foto acima.


Pela Figura 1 percebe-se que existe uma relação dinâmica entre doença, nutrição e imunidade. Uma doença primária leva ao aumento do catabolismo e das necessidades nutricionais, estado denominado hipercatabolismo. Esta condição vem, entretanto, freqüentemente acompanhada por anorexia. Esta associação de fatores culmina com um acelerado consumo e perda das reservas nutricionais do organismo, resultando em desnutrição. No animal doente, três fatores normalmente estão presentes favorecendo o estabelecimento da desnutrição: a) aumento do catabolismo com redirecionamento das reservas nutricionais para áreas mais importantes, como sistema imune, reparação tecidual e para atender ao ritmo metabólico mais acelerado (gliconeogênese); b) aumento do anabolismo representado pela síntese de elementos do sistema imune e reparação tecidual, gastos energéticos novos que surgem em adição ao metabolismo basal; c) menor digestão e assimilação associada à perdas adicionais, representadas por diarréias, hemorragias e transudações, que carreiam nutrientes do meio interno para o meio externo.


A resposta imune é dependente de replicação celular e da síntese de compostos protéicos ativos. Desta forma, é fortemente afetada pelo status nutricional do animal, que determina a habilidade metabólica celular e a eficiência com que a célula reage aos estímulos, iniciando e perpetuando o sistema de proteção e autoreparação orgânicas. Calorias, aminoácidos, vitaminas A, D, E, piridoxina, cianocobalamina, ácido fólico, Fe, Zn, Cu, Mg e Se são nutrientes para os quais já se estabeleceu a estreita relação existente entre seu status orgânico e o funcionamento do sistema imune. Diminuição de anticorpos humorais e da superfície de mucosas, da imunidade celular, da capacidade bactericida de fagócitos, da produção de complemento, do número total de linfócitos, do equilíbrio dos subtipos de linfócitos T e dos mecanismos inespecíficos de defesa – que incluem as barreiras anatômicas da pele e mucosas, a microbiota intestinal, as substâncias secretoras como linfocina, suco gástrico e muco, a febre, as alterações endócrinas e o seqüestro de ferro sérico e tecidual – são conseqüências de deficiências nutricionais. Os sistemas antimicrobianos dos neutrófilos são afetados pela desnutrição, tanto os sistemas oxigênio dependentes como os oxigênio independentes (lactoferrina, lisozimas, hidrolases e proteases). Via de regra, o sistema imune é o primeiro a sofrer alterações na desnutrição, respondendo antes mesmo do sistema reprodutivo.


A desnutrição calórico-proteíca é resultado de um baixo consumo de alimentos, que resulta na deficiência associada de calorias e aminoácidos. Seus efeitos tendem a ser específicos para cada tecido e podem se tornar generalizados quanto maior for a demora em sua correção. Longos períodos de privação alimentar culminam em grande mobilização de aminoácidos, que são utilizados na síntese de DNA e RNA, na produção de proteínas de fase aguda e de energia (gliconeogênese), agravando ainda mais o estado de desnutrição.


Com isto, cria-se um círculo vicioso no qual a desnutrição pode tanto ter sido a causa como o resultado da doença. Cabe ao veterinário investigar estas relações durante a anamnese e exame físico, compondo o raciocínio clínico com a integração de todos os fatores causais de morbidade. Muitas doenças têm sua origem em imunodeficiências conseqüentes à desnutrição. Limitar-se ao emprego de fármacos seria restringir as opções terapêuticas e piorar o prognóstico.


Pode-se argumentar, no entanto, que nem todas as doenças têm como pano de fundo a desnutrição. Mesmo nesta situação a instituição de um plano nutricional adequado é fundamental, caso contrário a desnutrição poderá vir a ser uma conseqüência da doença, agravando o caso e piorando as chances de recuperação. O consumo inadequado de nutrientes pode complicar muitas desordens fisiológicas, sendo assim mais difícil de se tratar a doença primária. Verifica-se na desnutrição calórico-protéica um decréscimo progressivo da resposta imune incluindo a resposta mediada por células, produção de IgA secretória, poder de fagocitose, funcionamento do sistema complemento, afinidade de anticorpos e produção de citoquinas. 15


Para que haja uma adequada síntese e reparação de feridas, uma nutrição adequada é essencial. Localmente são necessários aminoácidos e glicose para a síntese de colágeno e metabolismo celular. Sistemicamente são necessários nutrientes para a síntese hepática de fibronectina, complemento e glicose, atividade muscular cardíaca e respiratória envolvida no transporte de oxigênio e nutrientes para a área afetada.


O efeito terapêutico de drogas também é afetado pelo estado nutricional do animal. A
absorção, transporte, metabolismo e excreção de fármacos podem estar alterados. Diminuição da biotransformação hepática, decréscimo das proteínas plasmáticas envolvidas no transporte das drogas e diminuição do fluxo sangüíneo renal são conseqüências da desnutrição calóricoprotéica que podem interferir na farmacocinética e eficácia dos medicamentos.



Deficiência protéica. A anorexia associada a mudanças endócrinas, especialmente
representadas pelo aumento do glucagon, hormônio de crescimento e corticosteróides circulantes, conduz o animal doente a um balanço nitrogenado negativo. Este é decorrente do catabolismo de aminoácidos oriundos da degradação das proteínas de reserva do organismo. Várias citoquinas, especialmente a interleucina 1 e o fator de necrose tumoral também contribuem para este processo. Ocorre no organismo um redirecionamento dos aminoácidos, que passam a ser uma importante fonte de “combustível”, em um processo denominado gliconeogênese. Este processo resulta em perda de massa corporal magra e, com ela, em redução de resposta imune. Os efeitos da deficiência protéica sobre o sistema imune incluem: atrofia do timo e órgãos linfóides, menor proliferação linfocitária, menor produção de citoquinas (interferon, interleucinas 1 e 2, etc.), inadequada produção de anticorpos, menor concentração plasmática de imunoglobulinas, menor secreção de IgA, redução na resposta de hipersensibilidade cutânea tardia e menor produção de complemento. Se considerarmos que a expansão clonal do sistema imune depende de síntese protéica e que as citoquinas são constituídas por aminoácidos, fica fácil compreender por que uma ingestão inadequada de proteínas leva à tão grande comprometimento imune.


Deficiência de vitamina A: Está associada ao aumento da susceptibilidade a infecções. A metaplasia escamosa verificada em várias mucosas na hipovitaminose A
representa uma quebra de barreira anatômica, favorecendo a penetração de agentes
infecciosos. Além disso, verifica-se redução do tamanho do timo e do baço, menor atividade de células natural killer, redução da produção de interferon e da resposta de hipersensibilidade cutânea tardia, menor atividade de macrófagos e redução da proliferação linfocitária.


Deficiência de vitamina E: Leva a uma diminuição do poder bactericida de leucócitos e linfócitos, menor produção de imunoglobulinas, redução da resposta imune mediada por células, menor produção e funcionamento de linfocinas e citoquinas. Estudos têm demonstrado que a suplementação com doses suprafisiológicas de vitamina E aumentam o poder de fagocitose e a resposta imune humoral e celular dos animais. Este efeito é mais marcado em populações de idosos.


Deficiência de vitaminas do complexo B: As deficiências de piridoxina (B6) e ácido pantotênico levam à redução da resposta antigênica, tanto humoral como celular. A deficiência conjunta destas duas vitaminas leva a uma inibição quase completa da imunidade que é revertida com a suplementação das mesmas. Ácido fólico e cianocobalamina (B12) são essenciais à replicação celular. A deficiência destes nutrientes leva à redução na formação de anticorpos e na replicação de linfócitos. A deficiência de colina está associada à atrofia do timo. As vitaminas hidrossolúveis não são estocadas no organismo, sendo necessária uma ingestão constante. Além de sua interferência na imunidade, são fundamentais aos processos de produção e uso de energia, sendo cofatores enzimáticos em várias etapas do ciclo de Krebs. Como na doença associam-se anorexia, hipermetabolismo e catabolismo, a suplementação destas vitaminas é recomendável.


Deficiência de Zinco - resulta em extensivo dano aos linfócitos T, com atrofia do timo, alteração da síntese de linfócitos, resultando em marcada imunossupressão. Leva também a alterações epidérmicas associadas à maior penetração de agentes.
Deficiência de Cobre – ocasiona redução do número de linfócitos circulantes, redução na produção de anticorpos, do poder fagocitário, atrofia do timo e menor produção de citoquinas.


Deficiência de Ferro - a deficiência deste micro-elemento é bastante comum na espécie humana, mas parece ser de menor ocorrência em cães e gatos. Leva à redução no poder bactericida de fagócitos, menor proliferação linfocitária, redução da população de células natural killer, menor produção de interferon e da reação de hipersensibilidade cutânea tardia. Não corre prejuízo, no entanto, à resposta humoral. O ferro é necessário tanto aos animais quanto aos microorganismos, de modo que o organismo secreta três proteínas, a transferrina, conalbumina e lactorerrina, que possuem elevada capacidade de se ligar ao ferro tornando este indisponível para as bactérias. Esta reduzida disponibilidade de ferro livre apresenta efeito protetor para o hospedeiro. Uma suplementação de excessiva de ferro, principalmente por via parenteral, pode ter efeito desastroso em animais doentes, especialmente se estão desnutridos e com baixa quantidade de proteínas seqüestradoras de ferro. Nesta condição ocorre aumento de infecções e morte. Uma suplementação diária em quantidades fisiológicas em um animal desnutrido, por outro lado, tem efeito positivo na redução da morbidade por doenças infecciosas.


Deficiência de Magnésio – promove alteração no funcionamento de linfócitos T e B, menor produção de imunoglobulinas, redução da capacidade bactericida de fagócitos e menor produção de citoquinas. Atribuem-se estes efeitos ao fato deste micro-elemento ser um cofator na síntese de DNA.


Deficiência de Selênio – como o Se é integrante da enzima glutationa peroxidase, este é importante na estabilização dos peroxissomos dos fagócitos, tendo correlação com seu poder de inativar agentes infecciosos. Afeta a capacidade proliferativa de linfócitos, bem como todos os componentes do sistema imunológico.



4- DERMATOPATIAS NUTRICIONAIS


As dermatopatias nutricionais podem resultar de inúmeras deficiências, excessos ou desequilíbrios nutricionais. A pele, no entanto, responde apenas com alguns tipos de reações e lesões clínicas. Em mamíferos estas incluem: disqueratinizações, descamação, alterações quantitativas e qualitativas na produção de lípides dérmicos, alterações na textura e coloração dos pêlos, eritema, alopecia e formação de crostas. Em aves sinais comuns são: penas opacas e rasgadas, pele espessada e escamosa, principalmente na face, nos pés e ao redor dos olhos e retardo ou interrupção da muda.16 A desestruturação da barreira de proteção física, redução de secreção de lípides, com efeito bacteriostático, e as alterações da microbiota cutânea indígena favorecem a contaminação bacteriana e fúngica secundárias. Conseqüentemente, apenas o exame clínico, raramente revela uma causa nutricional específica.

A pele é um órgão grande e metabolicamente bastante ativo que apresenta elevada necessidade de proteínas e outros nutrientes, de forma que mudanças no suprimento nutricional podem exercer um marcado efeito no estado geral do órgão. Algumas das principais dermatopatias nutricionais estão sumarizadas a seguir.


Deficiência de Ácidos Graxos Poliinsaturados (AGP)


A deficiência de ácidos graxos pode ocorrer em animais que recebem alimentos com
muito baixos teores de gordura poliinsaturada ou nos quais a gordura dietética encontra-se oxidada, ou rancificada. Dentre os AGP de importância nutricional destaca-se o ácido cislinoléico (AL), sintetizado por vegetais e plâncton e precursor no organismo dos animais da série **w6, como o ácido aracdônico (AA), com importantes funções estruturais, metabólicas e inflamatórias. O felino doméstico é uma exceção à regra, eles não possuem a enzima **-6- dessaturase suficientemente ativa para converter AL em ácido aracdônico. Conseqüentemente, tanto o AA e como o AL são considerados essenciais para o felino doméstico 17 o que provavelmente deva ocorrer nos demais integrantes da família Felidae. Por bom senso, para todas as espécies estritamente carnívoras deve-se proporcionar uma adequada ingestão de AA.


Os AGP possuem diversas funções nas células, as principais são atuar como fonte de energia, como componentes estruturais da membrana celular e como precursores dos eicosanóides (prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos). Na membrana celular participam como parte integral de sua estrutura lipoprotéica. Uma adequada ingestão destes compostos é vital para a manutenção da estrutura e funcionamento normal da pele. 17


Admite-se que os animais precisam ficar em uma dieta deficiente em ácidos graxos w6 por muitos meses antes que os problemas cutâneos tornem-se evidentes. Dentre os sintomas clínicos da deficiência deste nutriente incluem-se retardo no crescimento, infertilidade e seborréia com descoloração da cobertura pilosa, descamação da pele, hipertrofia de glândulas sebáceas com aumento da viscosidade de sua secreção, fragilidade dos capilares venosos cutâneos, que se rompem facilmente originando hemorragias subcutâneas, edema cutâneo, prejuízo à capacidade cicatricial e infecções secundárias. Ocorrem disqueratinizações resultando em hiperplasia epidérmica, hipergranulação e hiperqueratose. Verifica-se, ainda, otite externa, exudação interdigital e aumento da perda transepidermal de água, sendo a última um sintoma importante em aves. O acido linoléico, no stratum corneum, é incorporado às ceramidas, impedindo a evaporação de água através da pele. Em rinocerontes negros (Diceros bicornes) um estudo associou lesões idiopáticas de pele à deficiência de ácidos graxos essenciais na dieta.18


Em animais domésticos, a resposta cutânea à suplementação com ácidos graxos é visível após 3 a 8 semanas. A correção da deficiência pode ser feita pela substituição da dieta por um alimento balanceado de boa qualidade, pela suplementação da dieta com óleos vegetais ou animais (frango ou peixes, não o sebo que é uma gordura saturada) ou pela introdução de alimentos ricos em gordura poliinsaturada. A necessidade de AL é baixa, geralmente ao redor de 1% da matéria seca da dieta ou 2% da energia do alimento para as espécies domésticas. A introdução de 2% de óleo vegetal, como soja ou milho, geralmente é suficiente para suplementar os ácidos graxos essenciais, com exceção dos felinos que necessitariam de carnes ou vísceras.



Deficiência de Proteínas


Os pêlos e as penas são compostos por, aproximadamente, 95% de proteínas. Junto
com a queratina epidérmica são especialmente ricos em aminoácidos sulfurados, cistina e metionina. Além disso, a substituição epidérmica é muito rápida, em mamíferos domésticos postula-se que toda a epiderme seja substituída a cada 22 dias, em média. Desta forma, o crescimento normal dos pêlos e a queratinização da pele são responsáveis por 25% a 30% da necessidade protéica diária destes animais. Além de alta demanda quantitativa, existe uma demanda qualitativa importante pois, os aminoácidos tirosina, triptofano e cisteína são necessários para a pigmentação da pele, pêlos e penas, derivando destes aminoácidos as cores preta, marrom e amarelo avermelhado, respectivamente.


Desta forma, uma baixa ingestão protéica ou o consumo de proteína de baixa qualidade, seja devido a uma reduzida digestibilidade ou à falta de aminoácidos essenciais, rapidamente se manifestam em alterações na pele e anexos. Deficiência protéica pode ainda acometer animais com afecções que causem hiporexia ou perda protéica extra, seja pela urina ou pelas fezes.


Em mamíferos os sinais clínicos observados incluem queratinização anormal, despigmentação dos pêlos, hiperpigmentação da pele, crescimento lento dos pêlos, formação de pêlos finos e quebradiços, queda prolongada de pêlos e alopecia. Ocorre, ainda, alteração na composição dos lípides dérmicos, com alteração na barreira de proteção, seborréia e infecções bacterianas secundárias. Em aves verificam-se empenamento pobre, formação de linhas de estresse (linhas transversais dispostas em 90º com o eixo da pena), penas que não saem do cartucho, penas sem barbas, prolongamento do período de mudas e formação de camadas descamativas no tecido córneo dos bicos devido a alterações de crescimento do tecido mal formado.19, 20 A deficiência de lisina e de outros aminoácidos envolvidos na formação de pigmento nas aves levam a alteração da cor das penas: penas azuis ou verdes tornam-se amarelas ou enegrecidas e penas negras tornam-se esbranquiçadas.21 Em répteis poucas informações são disponíveis sobre sintomas de deficiências específicas, relatam-se alterações de queratinização e crescimento de placas córneas e escamas.22


O tratamento da deficiência protéica passa pela correção da dieta. A suplementação com alimentos protéicos é necessária, mas não deve se restringir a isto, uma avaliação e reestruturação completa do alimento terá certamente um melhor resultado. Deve-se garantir uma adequada composição protéica e de aminoácidos do alimento, com base nas necessidades nutricionais estimadas ou pretendidas para a espécie e condição fisiológica em questão.


Deficiência e Toxicidade de minerais e vitaminas


Vitamina A. É essencial para a replicação, diferenciação e manutenção do tecido epitelial. O retinal e o ácido retinóico são fundamentais ao processo de queratinização. Os sinais de deficiência ou toxidade da vitamina são semelhantes, caracterizam-se por hiperqueratinização, hiperqueratose das glândulas sebáceas com oclusão de seus dutos e bloqueando de sua secreção, formação de erupções papulares firmes localizadas ou generalizadas, pelagem ruim, alopecia, descamação generalizada e infecções bacterianas secundárias. A avaliação dos alimentos que compõem a dieta indicarão se está ocorrendo deficiência ou intoxicação pela vitamina em questão.


Vitaminas do Complexo B. Estão envolvidas como cofatores em muitas funções metabólicas e vias sintéticas. Como são hidrossolúveis não são estocadas no organismo, necessitando de aporte diário. Por serem sintetizadas pela microbiota intestinal, sua deficiência está associada com antibioticoterapia prolongada, anorexia ou excessiva perda de água como em casos de poliúria e enterite. De forma geral as lesões associadas à deficiência das vitaminas hidrossolúveis incluem seborréia descamativa, alopecia, anorexia e perda de peso.


As deficiências mais freqüentes são as de biotina, riboflavina e niacina. A deficiência de biotina produz uma alopecia característica ao redor dos olhos e face, com formação de crostas. A deficiência de biotina se deve principalmente do uso de ovos crus na dieta dos animais, já que a clara possui avidina, uma proteína que se liga à biotina no intestino e impede sua absorção. A deficiência de riboflavina causa queilose e seborréia. A deficiência de niacina leva à pelagra ou “língua negra”, com ulceração das mucosas oral, diarréia, emaciação e dermatite pruriginosa. Na maioria dos animais parte da niacina necessária é sintetizada a partir do aminoácido triptofano. O gato doméstico, e possivelmente os demais felinos, não é capaz desta biosíntese, apresentado desta forma uma elevada necessidade deste nutriente.


Cobre. Zinco, cobre e cálcio são minerais que influenciam o metabolismo do iodo e uns aos outros; concentrações anormais de qualquer um deles podem refletir-se na pele. A deficiência de cobre pode ocorrer de forma primária, devido à falta do elemento, ou secundária, quando o zinco em excesso diminui a absorção de cobre no intestino. O cobre é necessário nas enzimas que convertem a L-tirosina em melanina e nas células foliculares para a conversão de pré-queratina em queratina. Sua deficiência manifesta-se por acromotriquia e defeitos de queratinização.


Zinco. É um microelemento importante para a manutenção da integridade epidermal,
acuidade de paladar e olfato e homeostasia imunológica. Faz parte de centenas de metaloenzimas, sendo de particular importância para células de divisão rápida, como a epiderme. É encontrado em alimentos de origem vegetal e animal e sua absorção é fortemente influenciada por fatores como excesso de cálcio, fitatos vegetais e fibra.11 Rações mal formuladas, ou uma suplementação excessiva de cálcio, devem ser evitados devido ao forte antagonismo entre cálcio e zinco e o risco de deficiência do último. Sua deficiência leva à alopecia, formação de crostas, descamação, ceratite, conjuntivite, linfadenopatia periférica, supuração subjacente ao redor da boca, queixo, olhos e orelhas, seborréia, tornando a pele inelástica e friável. A lesão histológica característica de sua deficiência é a hiperqueratose paraqueratótica. É uma deficiência que acomete canídeos, como os lobos.23 Em lhamas, alpacas, suínos e caprinos a deficiência de zinco também está associada à lesões de pele.24

A correção das deficiências de minerais e vitaminas pode ser conseguida pela reestruturação da dieta, pela verificação dos teores destes nutrientes nos alimentos consumidos, pela verificação e correção de desequilíbrios e antagonismos - como excesso de cálcio, de ácido fítico e de fibra que deprimem a absorção de zinco; e excesso de zinco que interfere na absorção de cobre - e pela suplementação dos alimentos com compostos polivitamínicos e minerais de boa qualidade.


Deficiências mistas.


Talvez a maior parte das doenças cutâneas sejam decorrentes da associação de deficiências, quando vários nutrientes não se apresentam em concentrações adequadas. Sinais gerais como ressecamento e descamação da pele, penas e pelos em condição pobre e descorados, bicos e unhas apresentando camadas, rachaduras, amolecidos ou com crescimento exagerado são conseqüentes à incapacidade de crescimento normal do tecido queratinizado. Em aves e répteis a pele das pernas e pés apresenta-se espessada e com crostas. Estes sintomas podem ser causados pela deficiência das vitaminas A, biotina, niacina e ácido pantotênico, de zinco, manganês ou proteína.



** Nota dos Editores: símbolos químicos ou não que não nos foi possível fazer cópia fiel por meio deste.

Continua na próxima postagem ...

Nenhum comentário:

Postar um comentário