quinta-feira, 17 de junho de 2010

O CURIÓ - PARTE II



Edgard Osmar de Carvalho



Criação



Há duas ou três décadas, a criação em cativeiro dessa ave foi um desafio à nossa paciência e capacidade de observação, pois as tentativas iniciais, como não poderiam deixar de ser, foram com pássaros nativos, que embora, já mansos, alguns, inclusive, capturados ainda filhotes, não deixavam de ter a índole e hábitos adquiridos nos ambientes naturais onde foram criados. Adaptá-los à criação em cativeiro foi realmente um ato de amor e dedicação à sua preservação. Registro aqui as minhas homenagens a esses pioneiros amadores.


Os primeiros criadores, na sua maioria, fizeram suas tentativas em viveiros, outros em gaiolões com boas dimensões, sempre com poucas fêmeas, tendo em vista a índole nativa de valentia e domínio territorial da ave. Tudo era pura intuição e observação, logicamente com os conhecimentos de seus hábitos na natureza. Vencidas as primeiras dificuldades, começaram a aparecer os primeiros filhotes. Novos desafios: agora, a alimentação. O que fornecer aos recém-nascidos ? As andanças pelas várzeas começaram em busca de cupins, aleluia, gafanhotos, larvas, etc. E novos conhecimentos foram adquiridos.


Criados os filhotes separados dos pais, vieram as tentativas e ensinar o canto dos grandes mestres, tais como: Ana Dias, Patrício e Xodó, só para citar alguns. Eram os cantos clássicos da época, mais conhecidos, gravados em disco de vinil e fitas cassetes; sem muitos recursos tecnológicos. Era a época das invenções, pois a maioria dos toca-discos ou "tapes" não eram automáticos ou auto-reversos.


>Novos desafios


Tudo isso foi superado e os primeiros filhotes apareciam cantando algo muito parecido aos curiós anteriores, alguns, inclusive superando-os.


É bom lembrar que nessa época os discos eram gravados com as imperfeições dos curiós, sem acertos das cantadas, sem emendas, etc.; porém guardam fidelidade dos cantos do passado, suas cantadas incompletas, cortadas, fofocas, cantadas altasa, outras baixas, outras ainda, quase um sussurro, aberturas, etc. Mas, pelo menos conservavam a qualidade das notas, já que os recursos técnicos de mixagem, acertos e alterações da notas, eram em alguns casos, impossível. A reprodução era quase que fiel, muitas ao vivo. Eu, particularmente, venho há uns três ou quatro anos persquisando aquelas notas, logicamente com os recursos modernos, principalmente o computador com programas desenvolvidos, especificamente para essas observações. Fui constatando as alterações que o canto sofreu, quer em melodia, andamento, volume, frequência e principalmente na letra do canto Ana Dias, super clássico.


Retornando ao assunto inicialmente proposto Criação do Curió, aquelas dificuldades foram superadas e hoje já podemos criar essa ave com grande facilidade, desde que obedecidos certos cuidados básicos. Ressalto, contudo, que muitos desses chamados cuidados básicos, podem levar à conclusão de muitos que são ultrapassados, mas continuam a ser praticados pelos criadores, talvez sem perceber.



>Criadouro



Uma das primeiras preocupações para iniciar uma criação é a definição do local em que se pretende criar. O espaço físico dependerá, é lógico, do porte da criação que se pretende formar. O recomendado, para os iniciantes, é a aquisição de poucas fêmeas: uma, duas ou, no máximo, três. Assim, o espaço poderá ser reduzido até que os conhecimentos sejam adquiridos. Não podemos esquecer que esse espaço deverá ser específico para a criação, que proporcione fácil manuseio das gaiolas, quer das fêmeas ou dos machos, com facilidade de manutenção da higiene, sem trãnsito de pessoas ou animais próximoss às gaiolas, sem acesso de pássaros nativos soltos na natureza, como pardais, rolinhas, pombos, etc. (grandes transmissores de doenças). Com boa ventilação e claridade, para se evitar o mofo e o fungo.



> Gaiolas e Ninhos



Isso definido, devemos adquirir as gaiolas, podendo optar por gaiolas de madeira e arame (gaiolões), ou somente de arame. Estas, hoje, são as preferidas, pois, além de menores, já bem aceitas pelas novas gerações de fêmeas, são de mais fácil higiene, podendo ser pintadas anualmente, ocupando, inclusive, menos espaço. Quanto ao ninho, podem ser de corda, sisal, bucha, etc. Tenho, há alguns anos, preferido os ninhos de buchas, bem ralos, do tamanho de uma laranja pêra, que são colocados em supertes de arame e facilmente removíveis e substituídos a cada ninhada. Este ninho de bucha além de higênico, já que é ralo permitindo que a sujeira seca, em forma de pó, caia, tem a grande qualidade de prender as raízes de capim que são fornecidas às fêmeas na época da criação. Esse fato faz com que, principalmente, os filhotes fêmeas se afeiçoem e moldem-no de acordo com a sua predileção, evitando que as raízes caiam como acontece com o de corda e mesmo o de sisal. Esse simples detalhe eliminou praticamente a perda de fêmeas filhotes, que botavam fora do ninho ou não deitavam (chocavam). Esclareço que o ninho deve ser colocado sempre na frente da gaiola, no canto superior e aonde se apresenta com maior claridade. Costumo, também, proteger o ninho com uma tela verde, que pode ser substituída por uma bucha prensada. Assim, a fêmea se sentirá mais protegida.



> Plantel



Estabelecidas, definidas e concretizadas essas prioridades, vem a compra do plantel. Nesse particular, recomendo que se descarte a compra de fêmeas "criadeiras" que deixarei de comentar as razões de forma direta. Citarei, a título de observação aos ovos criadores, que uma fêmea para ser considerada boa criadeira tem que ter características próprias, que um criador que se preze, a não ser por alto valor; dispensará, ou seja: ser uma fêmea relativamente nova, que bote regularmente no ninho e não fora dele, que choque os ovos, boa tratadeira, que deixe o macho galar, pois existem fêmeas que não aceitam gala, embora botem e choquem os de outras.


Ser de boa procedência genética que produza filhotes com facilidade de aprenderem o canto. Uma fêmea com essas características, somadas à mansidão e docilidade, e quase que inegociável. Nesta situação, como disse, recomendo a compra de filhotes fêmeas, se possível de ninhadas, de criador conhecido e sério, de plantel de boa formação genética, que lhe repasse com segurança quem são os pais, avós e até, se possível, os bisavós dos filhotes adquiridos. Outro fator importante é a adaptação desses pássaros ao novo ambiente, local da criação, pessoas da casa, movimento de animais, veículos, gestos e manuseio do novo criador, suas roupas, seus óculos, etc. São inúmeros os fatores. Só como ilustração, crio curió há mais de 25 anos, sendo o primeiro a criar com o Soberano (velho), Porco, Realejo, Repeteco, Camaro, Americano, Itararé (Tilim), Itororó (Pelé), Jundiaí, Xogum, (estes dois últimos de antiga propriedade do Sr. Orfeu), sendo que presentemente foram incorporados na formação genética do plantel outros, como Miura, Jornaleiro, Resgate, Colonial, Vaidoso, dois Soberanos (filhos), etc., estes pela linha alta, pela baixa, a das fêmeas, foram somados à formação do plantel, próximo de duas dezenas de outros excelentes curiós, de outras criadores do Estado, possuindo fêmeas na criação com mais de 18 anos , manuseando, manuseando, tratando e transitando constantemente pelo criadouro.


Mesmo assim não posso entrar na minha criação com óculos, pois não o uso permanentemente, ou com uma camisa de outra cor que não seja a branca, pois elas assustam É também certo que se acostumariam com certa facilidade de passasse a usá-las com frequência. Portanto, adquirindo filhotes fêmeas, essa adaptação será mais fácil, uma vez que essas, como nove meses aproximadamente, já podem ser colocadas para criar. É comum uma fêmea adulta demorar de um a dois anos para começar a produzir seus filhotes no novo ambiente e acostumar-se com as novas companheiras da criação (seus pialados). Essas são as razões fundamentais para definir-se a preferência.



Continua na próxima edição !



Fonte: Revista Pássaros - Ano 10 - nº 49





3 comentários:

  1. muito bom esse topico curió parte 2 esse mesmo problema tive, a que na minha cidade foi o unico a tira curió,sempre gostei de passaro e quando conhecei curió foi uma paixão, o pessoal não acreditava que tirava ,e um senho que tinha um muito bom e moro em são paulo dizia que si tirava em gaiola,foi ai que decidei tira,comprei um mateiro e uma femia,ai comessei com paciencia juntava as gaiolas ele prigava separava,sei que nisso conseguei que eles cruzacem,choco,e tiro ai foi o problema como alimenta os filhote,ai o senho foi e men disse,e bom cupim,ai vai eu entra no mato pra pega cupins ,ai outro trabalho penera e pega os cupis,mas pra não alonga muito sei que tirei umas 5 ninha com eles o macho não era bom,mas a femia era muito boa criadeira,sei que depois pela internet vei que tinha muitos criadores de curió ,ai dei fim aõs curió e entrei na asociação de recife e comprei um curíó,hojé tenho um macho e 2 femias,desculpe prolonga tanto mas quero da parabéns a esse topicos e todos os primeiros criadores,pois sei como foi dificio tira filhotes,abraço a todos.

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  2. Já estou ansioso para o próximo capitulo;essa materia irei salvar no meu computador p/ eventual pesquisas.abçs e prbns sr edgard

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  3. sobre o que falei,teve umas coisa engraças,o ninho era uma banda de coco seco pequeno forado com bucha vejetal que tem aque no mato,a que não tinha ninho apropriado,e eu achava grande os de canarió e comessei a diciona além do cupin o ovo e vé se ela pegava alquma frutas ou verduras pra alimenta os filhotes,deven acha ate engrasado mas foi uma esperiencia que termino dando certo,botei varia frutas e verduras ,mas o que ela foi gosta e alimentava os filhotes , foi( maça)botava um pedaço pequeno de maça e ela só deixava a casca alimentando os filhotes.abraço a todos.

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